Acordei cedo, nem ouvi o despertador tocar. Li o jornal, tomei café e liguei o computador. Nada. Nenhum som, nenhuma luz. Tudo morto. Já com vontade de chorar, ligo para o namorado para pedir ajuda. O telefone também mudo. Espumando de ódio, volto à cozinha para interfonar para a portaria, claro que deve haver algum problema com a rede do prédio. O interfone mudo me faz ultrapassar a preguiça e me visto para descer. O Paulo, zelador, desnorteado: “Ô Dona Marina, eu vi mesmo que a manhã estava muito calma, sem interfone tocando, mas aí o pessoal já começou a descer desesperado! Ninguém sabe ainda o que está acontecendo, mas é uma pane geral”.

Pego o carro e vou ao dentista. A Débora me avisa: “Dona Marina, a Dra. Alessandra já deve estar chegando, não consigo falar no celular dela, ela não vai gostar porque os computadores, o telefone, tá tudo sem funcionar!”. A Alê chega e entro na sala, estamos indignadas e repetimos várias vezes o que parece ser o bordão da Copa, “não estamos preparados”.

Saio e vou para o escritório. Caos total. Não adianta ficar ali mesmo, resolvo ir pessoalmente ao fórum ver os processos que precisam ser vistos hoje. Achei que o trânsito estaria péssimo, mas as ruas estão tranquilas. Estaciono e atravesso a Praça João Mendes. Parece tão mais limpa do que da última vez em que vim aqui… Encontro a Ana e outros amigos advogados que tiveram a mesma ideia de vir pessoalmente ao fórum. Em meio às reclamações e elocubrações, fico sabendo que nasceu o bebê da Mara e do Daniel, que a Beta está grávida de um menino, que a Norma casou e está em lua de mel na Itália e que a Joana passou no vestibular, em primeiro lugar. Tomamos um café sem pressa, ninguém tem muito o que fazer, e resolvemos visitar o Henrique na Liberdade ali ao lado. Saio do centro às 5 da tarde, feliz, e volto ao escritório só para deixar a papelada (coisa mais antiga) e dar as noticias dos processos para o meu sócio. Trabalho um pouco numa contestação (como o tempo rende sem interrupção de email, Twitter e Facebook) e resolvo visitar meus pais.

Chego lá e minha mãe: “Filha, você está viva! Estava tão preocupada”. “Por que mãe?”Ah, porque a gente fica sem conseguir se comunicar e fica nervosa né?”. Sento para jantar com eles, estava com vontade mesmo desta sopa de lentilhas da minha mãe, está um frio hoje. Tomo um vinho com meu pai e conversamos sobre a vida, a família. Eles me contam que resolveram sair da casa, que já ficou grande demais para os dois, e que vão procurar um apartamento. Parecem felizes com a decisão. Contam da próxima viagem. Não tenho pressa nenhuma em ir para casa, vazia das redes sociais.

Vou para casa finalmente, tomo um banho e mergulho no livro que estava parado e surpresa, é muito bom. Vou dormir. Acordo com o despertador do celular e por um momento esqueço do que aconteceu no dia anterior. Entro no Twitter e o assunto é só este, a pane geral das comunicações. Ligo a TV e fico sabendo que o problema afetou o mundo todo e que vai gerar bilhões em prejuízos.

Já saio atrasada e esbaforida porque perdi tempo demais no Twitter. No escritório, todo mundo com teorias do que pode ter acontecido no Dia da Marmota geek. Faço coro com as minhas impressões, mas já com um pouco de saudades de ontem.

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Os melhores restaurantes

  • Antica Trattoria La Toppa (San Donato in Poggio)
  • Albergaccio di Castellina (Castellina in Chianti)
  • La Taverna Castello Banfi (Montalcino)
  • Trattoria dei Quattro Leoni (Firenze)
  • La Buca di Sant’Antonio (Lucca)
  • Trattoria Za Za (Firenze)
As melhores refeições rápidas
  • Pizza di prosciutto crudo, rucola e grana – Pizzeria Tre Porte
  • Accoglienza – Dario+
Os melhores antipastos
  • Tartara di vitellone allo zenzero, Parmigiano i carciofi – Albergaccio di Castellina
  • Torre di melanzane – Trattoria dei Quattro Leoni
  • Burrata – Pizzeria Il Pomodorino
Os melhores primeiros pratos
  • Ravioli di spinaci e ricotta con burro e salvia – Antica Trattoria La Toppa
  • Fiocchetti alle pere con salsa di taleggio i asparagi – Trattoria dei Quattro Leoni
  • Spaghetti alla carbonara – Osteria Cipolla Rossa (Firenze)

 

Os melhores segundos pratos

  • Maiale in umido – Antica Trattoria La Toppa
  • Arista di maiale com patate al rosmarino – La Taverna Castello Banfi
  • Costolette dal’agnello con funghi fritte – La Buca di Sant’Antonio

 

 As melhores sobremesas

  • Pinolata Senese con salsa al FloruS – La Taverna Castello Banfi
  • Crema bruciata profumata alla vaniglia naturale con insalata di fragole flambate – Albergaccio di Castellina
  • Crostata fichi e noci – Café Nannini (Siena)

 

Os melhores sorvetes

  • Gelateria di Piazza – San Gimignano
  • GROM – Siena
  • Cremi – Arezzo
  • Vivoli – Firenze

 

Os melhores vinhos
    • Schidione Oro 1997 III Millennio – Castello di Montepó
    • Syrah Banditone 2005 – Ferenc Maté
    • Soldera Brunello di Montalcino Riserva 2002 – Case Basse
    • Brunello de Montalcino 1998 Riserva Biondi-Santi – Tenuta Greppo
  • Sassoalloro 2006 – Castello di Montepó
  • Chianti Clássico Riserva La Forra 2003 – Tenuta di Nozzole
  • Chianti Clássico Riserva Castellare di Castellina 2007 – Domini Castellare di Castellina
  • Bianco Avignonesi Toscana 2010 – Avignonesi
  • Centine Bianco 2010 – Castello Banfi

E um agradecimento especial a @RomaineCarelli, ao @bronza e ao @umlitrodeletras que forneceram dicas excelentes da Toscana.

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Semanas atrás, uma tweeting conversation entre as viajantes Cláudia, Natalie, Carina, Patricia, Carmem e Marcie levou à ideia de listar os lugares que cada uma considerava “viu-tá-visto”. A conversa evoluiu e dedidiram fazer também uma segunda lista, com cidades ou países para onde voltariam sempre. Como a idéia parecia boa, uma comentou aqui, outra comentou ali… no fim, a notícia se espalhou e conquistou mais adeptos. Diante disso, decidiu-se fazer uma blogagem coletiva.

Aqui, a contribuição do Rosmarino e Outros Temperos 🙂

Sete cidades que foram interessantes, mas considero vistas e para onde não pretendo voltar, a não ser para uma breve passagem ou conexão:
  • Los Angeles (vai logo para San Francisco, Hollywood não está com nada)
  • Johanesburgo (vai correndo para Cape Town, que lá tem frutos do mar, vistas lindas e vinícolas)
  • Lisboa (mais vale ficar em Sintra ou em Óbidos)
  • Miami (sou mais Orlando rsrs…)
  • Zurique (falta charme, sobra organização e limpeza)
  • Pisa (é Itália e é linda mas… viu tá visto)
  • Maceió (prefiro voltar para outras capitais do Nordesrte)

Sete cidades que são sempre especiais, têm sempre novidades e para onde pretendo voltar sempre, e muitas vezes:

  • Londres (minha cidade preferida no mundo)
  • Paris (uma beleza e uma mágica que não cansam nunca)
  • Roma (História, arte, comida, vinho… precisa falar mais?)
  • Nova York (um pouco de tudo do mundo, com as novidades culturais e gastronômicas)
  • Cidade do Cabo (praia e mar lindos, comida boa a barata, passeios incríveis e vinícolas bem perto)
  • Rio de Janeiro (idem acima, idem acima, com o astral brasileiro)
  • San Francisco (um charme único que vem do mar e da diversidade de pessoas e coisas)

Blogs participantes desta blogagem coletiva:

http://www.abrindoobico.com/ (Marcie)
http://www.aprendizdeviajante.com/ ( Claudia)
http://www.big-trip.net/
http://www.cadernotiahelo.blogspot.com/
http://www.deunstempospraca.blogspot.com/ (Carmem)
http://www.dicasroteirosviagens.com/
http://www.dondeandoporai.com.br/
http://www.drieverywhere.net/
http://www.flashesdeviagem.blogspot.com/
http://www.guardandomem.blogspot.com/
http://www.inquietosblog.com.br/
http://www.jrviajando.com/
http://www.ladyrasta.com.br/
http://www.luciamalla.com/
http://www.majots.wordpress.com/
http://www.miblogito.blogspot.com/
http://www.mauoscar.com/
http://www.mikix.com/
http://www.olhandomundo.wordpress.com/
http://www.oqueeufiznasferias.com.br/blog
http://www.pelo-mundo.com/
http://www.psiulandia.blogspot.com/
http:///www.rosmarinoeoutrostemperos.blogspot.com
http://www.sambalele.everyblue.com/
http://www.senzatia.com/ (Carina)
http://www.sundaycooks.com/ (Natalie)
http://www.turomaquia.com/ (Patricia)
http://www.viagempelomundo.com/
http://www.viaggiando.com.br/
http://www.viajarepensar.blogspot.com/

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Quando planejávamos a viagem para a Toscana surgiu a ideia de fazermos uma aula de culinária lá. Mais da metade do grupo topou e começamos a procurar um entre alguns cursos e aulas que são oferecidos na região. Optamos pela Tenuta Casanova, no Chianti, bem perto do nosso hotel. Valeu a pena, tanto para os que não costumam ir para a cozinha como para os que já estão mais familiarizados. Foi divertidíssimo e acho que rimos mais do que cozinhamos 🙂

A Tenuta Casanova é uma propriedade familiar, tocada principalmente pelo Silvano e pela Rita, que trabalham muito! Na chácara eles criam porcos e galinhas e cultivam parreiras, oliveiras e alecrim. Produzem vinho, vinagre balsâmico, azeite e mel para vender e fornecem alecrim para diversos mercados na região. Cultivam ainda uma horta com uma grande variedade de verduras e legumes. Toda a produção da tenuta é orgânica. Na aula, cerca de 80% dos ingredientes utilizados eram de procedência própria.

A aula durou uma tarde e no início da noite jantamos juntos os pratos por nós preparados. A professora, Rita, é auxiliada pelo marido Silvano na tradução para o inglês, se necessário. Todos os participantes ganham seu avental e põem a mão na massa. Durante toda a aula e depois no jantar, são servidos os vinhos produzidos pela Tenuta Casanova. Cozinhar com booze é muito mais legal não? 😉

Começamos pelas sobremesas, torta di mele (torta de maçã) e tiramisù. Em seguida, preparamos antipasto di peperoni (antepasto de pimentão), pomodori ripieni di riso (tomates recheados com arroz temperado com um ‘pesto’) e vários ciaccini, uma espécie de focaccia típica da região. Finalizamos com o gnocchi di patate al sugo di gorgonzola (nhoque com molho de gorgonzola).

No final, enquanto a Rita e a equipe da cozinha terminavam os preparativos para o jantar, o Silvano nos levou para conhecer a cantina e nos mostrou os vinhos que produz. Em seguida nos levou a balsameria e explicou em detalhes como é produzido e envelhecido o vinagre balsâmico.

Para mim, o mais interessante foi mexer com a massa do ciaccino/focaccia e aprender a fazer a focaccia recheada, com a massa bem fininha. Também gostei das dicas do nhoque e de ver como é feito o verdadeiro tiramisù italiano. A melhor surpresa para o paladar foi o ciaccino com sálvia frita no azeite e salpicado de açúcar: um sabor incrível, que vou repetir logo em casa.

Para quem vai viajar em grupo e gosta de cozinha, um super programa legal.

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Comemos muito bem na Toscana. Pratos simples ou sofisticados, quase sempre deliciosos. Mas alguns restaurantes se destacaram na viagem. Uns pela comida, outros pelo ambiente e outros ainda pelas inovações e criatividade. E é sobre eles que vou contar.

O sofisticado: Albergaccio di Castellina (em Castellina in Chianti)

Fomos ao Albergaccio di Castellina atraídos pela sua ‘uma estrela’ no guia Michelin e porque ele coincidentemente ficava na cidade do nosso hotel. E valeu a pena, embora o preço tenha sido meio salgado pela dita estrela.

>Um lugar lindo, charmoso, tranquilo, agradável sem ser luxuoso, com serviço impecável. Almoçamos na varanda do restaurante um menu da estação, que foi uma pausa merecida no roteiro do vendaval das vinícolas. O Albergaccio é um restaurante de comida típica toscana, que aproveita os ingredientes da estação e valoriza os produtos locais. Seus menus mudam sempre e são compostos por variedades de pratos tradicionais com o toque especial dos donos, Sonia e Francesco.

Nosso menu, que tinha o poético nome de “Sapori, colori e profumi della Primavera”, tinha quatro pratos: para começar um tartar de vitela Chianina, perfumado com gengibre, parmesão e alcachofras. Como primeiro prato um spaghetti com aspargos selvagens sobre um fondue de queijo parmesão com um toque de açafrão. Como segundo prato, uma caçarola de coelho ao vinho, alho e alecrim, com alcachofras grelhadas e seu fígado ao Vin Santo. Por fim, um creme brulée com morangos flambados. Pães da casa e um mini minestrone no couvert, mini docinhos com o café.

O tradicional: Antica Trattoria La Toppa (em San Donato in Poggio)

A Antica Trattoria La Toppa está aqui por ter representado um dos melhores momentos ‘emotivos-gastronômicos’ da viagem. Uma noite em que estávamos super cansados por mais de três horas de viagem e passeios em vinícolas, fomos mesmo porque o restaurante tinha sido muito recomendado por um casal de franceses gourmets amigos do Jacques e principalmente porque havia sido reservado com antecedência. E foi a melhor coisa que fizemos.

Engraçado que o salão do restaurante estava completamente vazio. Em compensação, as mesas na rua (sim, porque não há calçadas em San Donato in Poggio, mas ruas estreitas onde os poucos carros dividem o espaço com os pedestres e as lambretas) estavam lotadas. Fomos agraciados com um clima muito ameno numa noite linda, com a atmosfera perfeita da iluminação do La Toppa sobre as pedras e as construções antigas da cidade.

Fomos recebidos muito calorosamente pelo dono do restaurante e por seu filho, que descreveu os pratos que a mãe preparou naquele dia. E não que a comida era deliciosa? Começamos com uma variedade de massas, entre as quais o típico pici al cinghiale, um pappardelle con funghi e o me-lhor ravióli de espinafre e ricota que já comi na vida, regado a um simples molho de manteiga e sálvia. Como prato principal, porco assado com batatas ao alecrim e espinafre refogado. Também um dos melhores pratos da viagem. Foi uma noite impecável, perfeita e que deixou saudades, em todos os sentidos. Quem passar pela região do Chianti, não deixe de ir ao La Toppa.

O completo: Taverna Banfi (em Montalcino)

SelecionamosLa Taverna do Castello Banfi para o almoço na volta da vinícola Biondi Santi Tenuta Greppo. E foi uma escolha super acertada. Além dos dois restaurantes (Il Ristorante, ‘estrelado’ e mais sofisticado e La Taverna, mais despojada), Banfi tem um castelo histórico restaurado que fica em um jardim bonito, uma vinícola, uma adega e uma balsameria (onde ficam armazenados os vinagres balsâmicos), um museu de objetos de vidro antigos e uma boa enoteca com guloseimas e vinhos a bons preços.

Ambos os restaurantes em Banfi são muito procurados e tivemos que reservar – e pagar uma parte – antes de irmos para a Itália. A Taverna envia opções de menus de três, quatro ou cinco pratos para escolha antecipada.

>Depois de um aperitivo na enoteca fomos para o restaurante, onde foi servido o menu de quatro pratos, acompanhados dos vinhos Banfi. De entrada um flan de ricota e abobrinha ao molho de queijo pecorino, um prato de textura delicada e muito sabor, delicioso mesmo. Acompanhou um vinho muito gostoso, o Centine Bianco 2010. Como primeiro prato, um fusilli caseiro com aspargos e lingüiças, acompanhado de um Rosso di Montalcino 2009. Em seguida, porco assado com batatas ao alecrim que rivalizou com o prato do La Toppa, com o Brunelo di Montacino do Castello. De sobremesa, a que foi eleita a melhor da viagem, uma Pinolata Senese, torta recheada com creme de baunilha e coberta com pinoli, acompanhada do FloruS Moscadello di Montalcino 2008. Refeição memorável. A vinícola é bastante turística, mas vale a pena considerar o Castello Banfi em um roteiro de viagem a Toscana.

O diferente: Antica Macelleria Cecchini (em Panzano in Chianti)

A refeição mais curiosa, mas não menos deliciosa da viagem, foi no Dario+, restaurante que abre para o almoço no segundo andar de um dos açougues mais badalados do mundo gastronômico, a Antica Macelleria Cecchini do açougueiro Dario Cecchini.

A Macelleria Cecchini é hoje um ponto turístico: sábado pela manhã e Dario está lá, recebendo os clientes – e as dezenas de turistas – no seu açougue na cidadezinha de Panzano in Chianti. Difícil ver alguém com tanta paixão pelo que faz. Alegre, bem humorado, carismático. Dario recebe as pessoas com música italiana e chamando-as para dentro do açougue, cumprimentando todos e servindo nacos de porchetta que ele vai fatiando na hora, junto com pão, azeitonas, salame, pasta de lardo e um copo de vinho Chianti. Quando o açougue esvazia um pouco, Dario conversa e responde às dúvidas dos clientes/turistas.

Dario herdou o negócio do seu pai Tullio, que herdou do seu avô também Dario e este do bisavô, Luigi. Mas o Dario neto explica que embora tenha herdado o negócio da família e venha de uma geração de antigos açougueiros, ele é ‘um açougueiro dos tempos de hoje’. Daí surgiu a ideia dos restaurantes. É através deles que Dario melhor conceitua seu trabalho. Nas palavras dele: “Não sou um chef ou um cozinheiro, mas um açougueiro que cozinha. Desta forma, explico melhor e com mais resultado o meu trabalho”.

Ele tem três propostas diferentes no seu restaurante, que funciona no segundo andar do açougue e cujo caminho para chegar a ele passa por dentro do açougue propriamente dito. Durante o dia, funciona o Dario+, que serve dois menus de almoço. À noite, funciona no mesmo local, em dias e horários alternados, a Officina della Bistecca, quando Dario serve a famosa bistecca Fiorentina e outros pratos peso-pesados de carne e o Sollo Ciccia, quando é servido um menu de comida caseira da cozinha ‘da família’. À noite, convém reservar lugar no restaurante. No almoço já é mais tranqüilo, chegamos cedo e não tivemos problemas para sentar imediatamente.

A ideia do Dario+ é oferecer comida boa a preço justo. O primeiro menu brinca com a ideia de um ‘fast food bom’ e o segundo procura mostrar as especialidades do açougue. No menu Dario + ele serve um hambúrguer suculento de 250 g, acompanhado de batatas ao forno com sálvia e alho, uma salada e um pão crocante e fresquíssimo. No menu Accoglienza, quatro variedades de carnes: o sushi di Chianti, um tartar; o tonno Del Chianti que é uma carne de porco desfiada e bem temperada que supostamente ‘lembra’ atum, a porchetta em cubos e o cosimino, almôndegas em cubos com um molhinho picante. Tudo muito saboroso!

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Destacarei três entre as vinícolas que visitamos na Toscana: Biondi Santi Tenuta Greppo, Biondi Santi Castello di Montepò e Avignonesi. A escolha foi do Jacques, enólogo de plantão da nossa Turma do Vinho, que com a ajuda inestimável da Claudia da Mistral tornou possível visitarmos estas vinícolas em especial. Não vou me ater a detalhes técnicos. A ideia aqui é contar mais sobre o que nos chamou a atenção nos locais e curiosidades sobre as pessoas e os vinhos que tomamos. Salute 🙂

Biondi Santi Tenuta Greppo

A Biondi Santi é provavelmente a produtora mais tradicional do famoso Brunello di Montalcino. Uma família cuja história se confunde com a da criação deste vinho, até hoje participa intensamente na administração e divulgação do seu negócio. Ainda é Franco Biondi Santi, atualmente com mais de 80 anos, que prova o Brunello e dá a última palavra se naquele ano será engarrafado o Reserva ou apenas o Annata.

A Tenuta Greppo é uma vinícola pequena, à moda antiga, muito charmosa. Ao descer do carro avistamos uma alameda de ciprestes antiquíssimos, por cuja sombra se caminha até chegar à sede da vinícola. Ao lado e ao longe, oliveiras e parreiras num dos terroirs mais famosos do mundo. Na sede, a casa de campo da família, Villa Greppo, ladeia a cantina, onde se concentra toda a produção do Brunello di Montalcino Biondi Santi. Feito 100% com a uva Sangiovese, é um vinho de guarda por natureza. Nossos anfitriões explicaram que a ideia na produção do Brunello é marcar as qualidades desta uva no vinho produzido e usar com mais parcimônia outros elementos. Assim, por exemplo, no armazenamento do Brunello utilizam-se barris maiores do que os tradicionais de 225 litros, e estes barris são reutilizados muitas vezes, de modo a amenizar a influência do carvalho no sabor do vinho.

No local, visitamos também a adega onde estão guardadas as garrafas das antigas safras do Brunello di Montalcino Biondi Santi e onde ainda existem duas garrafas de 1888. Tivemos o privilégio de ver de perto o vinho que é hoje o mais antigo dos Biondi Santi, numa gentileza extrema do Jacopo Biondi Santi, que nos acompanhou na visitação.

Degustamos, na ocasião, os seguintes vinhos: Rosso di Montalcino Biondi Santi 2007, Brunello di Montalcino Biondi Santi 2005 Annata e Brunello di Montalcino Biondi Santi 1998 Riserva.

Biondi Santi Castello di Montepó

Em contraposição à Tenuta Greppo, o Castello di Montepó é a vertente moderna dos Biondi Santi. O próprio Jacopo Biondi Santi nos contou como foi criado este novo negócio. No início da década de 90 ele teve a ideia de produzir um vinho que fosse mais ‘fácil’ e ‘rápido’ de beber do que o Brunello di Montalcino, que precisa envelhecer para ser apreciado. Prospectou um local dentro de um raio de 50 km da Tenuta Greppo e finalmente encontrou o Castello di Montepó, que na época era propriedade do escritor inglês Graham Greene. Na vertente dos chamados supertoscanos, Montepó hoje tem vinhos internacionalmente famosos como o Schidione e o Sassoalloro.

Jacopo Biondi Santi é um verdadeiro gentleman e foi muitíssimo atencioso com o nosso grupo durante a visita. Uma pessoa extremamente culta, inteligente e interessante, nota-se que tem verdadeira paixão pelo negócio da família e que foi capaz de reinventá-lo nestes novos vinhos. Assistimos uma palestra dada por ele, na qual nos mostrou como planificou e catalogou todas as micro-regiões e as etapas da produção dos vinhos de Montepó, palestra didática e muito interessante. De quebra, almoçamos na sala de jantar do próprio castelo, em meio a candelabros e javalis empalhados (!), um menu típico da Toscana: trippa alla fiorentina (dobradinha, um dos pratos mais típicos da região), pici al cinghiale (massa típica da região, com ragu de javali) e morangos, pêssegos e peras dulcíssimos de sobremesa. Uma experiência que ficará na memória.

Degustamos nesta ocasião os seguintes vinhos: Morellino di Scansano Castello di Montepó, Sassoalloro e o Schidione, todos da safra 2006. Além disto, o grupo comprou e degustou em conjunto também a magnum do Schidione Oro 1997, safra especialíssima que comemorou o advento do terceiro milênio e foi chamado III Millennio.

Avignonesi

Visitamos a fattoria Le Capezzine, onde ficam as adegas para vinificação e as adegas para envelhecimento e guarda da Avignonesi, produtora de um dos mais tradicionais Vino Nobile de Montepulciano. É lá também a vinsantaia, onde fica armazenado por 10 anos em barril o internacionalmente famoso e super premiado vinho desta vinícola, o Avignonesi Vin Santo. Uma vinícola moderna e totalmente renovada, mas ao mesmo tempo muito preocupada em manter tradições, a Avignonesi nos mostrou projetos interessantes. Um deles é o Il Settonce, um vinhedo no qual as parreiras são plantadas como pequenos arbustos e não em espaldeira como é convencional, e onde as plantações hexagonais deixam as parreiras eqüidistantes uma das outras, assim recebendo insolação e ventilação iguais. Este vinhedo procura ainda recriar as características do plantio e da produção de centenas de anos atrás e toda a adubação, controle de pragas e equilíbrio de minerais no solo são feitos de forma orgânica.

Almoçamos na Tavola Comune da Capezzine, onde foi servido um menu delicioso de pratos típicos, feitos com ingredientes locais de alta qualidade, na maioria provenientes da própria fazenda, entre os quais se destacaram especialmente o capretto locale ao girarrostro (cabrito assado inteiro lentamente no forno a lenha) e o tiramisù all’ ananás (tiramisu de abacaxi), tudo acompanhado pelos vinhos de produção própria. Um almoço memorável, acho que nunca comi tanto na vida rsrs…

Degustamos nesta ocasião os seguintes vinhos: Bianco Avignonesi Toscana 2010, Rosso di Montalcino Avignonesi 2009, Vino Nobile di Montepulciano Avignonesi 2008 e o Desiderio Merlot Cortona, 2007.

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As principais cidades da Toscana – e imperdíveis na minha opinião – são San Gimignano, Siena e Firenze.

San Gimignano

San Gimignano é a menor das três cidades e dá facilmente para um dia ou mesmo uma tarde de passeio. Estacione e entre pela Porta San Giovanni e siga nesta via até a igreja de Santo Agostino. No caminho, tome um café ou um sorvete na Piazza della Cisterna – aliás, o melhor sorvete que tomei na Itália desta vez. Continue até a Piazza del Duomo e visite a catedral da cidade, a Collegiata. Ao lado da igreja, uma feirinha de ‘pulgas’ bacaninha. Suba na Torre Grossa para uma vista linda da cidade e dos arredores. Outros passeios na cidade: Galeria Gagliardi e Museo della Tortura, para quem curte. San Gimignano tem muitas lojinhas ‘gourmets’ de queijos, frios, massas, molhos, azeites e vinhos. Como nós ficamos em um hotel com quarto com cozinha equipada, aproveitamos para comprar uma massa, um molho e um bom queijo parmesão e brincar de cozinheiros no hotel mesmo 🙂 Ou então fique por lá mesmo: San Gimignano é uma cidade perfeita para curtir o fim de tarde e o anoitecer.

(E as frutas vermelhas? Provei groselhas frescas pela primeira vez na vida. E as cerejas?? Praticamente todos os dias comprávamos cerejas e comíamos de baciada. Para quem está acostumado com cerejas a preço de ouro no Brasil, um paraíso. No caminho da volta para o hotel, achamos ainda uma cerejeira carregada de frutas e paramos o carro para comer cereja no pé.)

Siena

Siena, para mim, é uma mini Firenze e vale a pena passar ao menos uma noite lá para curtir o entardecer e anoitecer. Se puder, fique em um hotel dentro da cidade e aproveite para andar a esmo, explorando ruas, becos e vielas. Cada hora do dia o sol bate de uma forma nas paredes de pedra e assim a cidade ora tem cores frescas, ora tem cores douradas, uma lindeza.

A praça principal, Il Campo, é impressionante. Visite o Palazzo Pubblico, um palácio gótico que tem salas lindas e onde acontecem muitos casamentos :o) Suba na Torre del Mangia para ter uma vista incrível da cidade e dos campos ao redor. O Duomo de Siena é das igrejas mais bonitas da região, imperdível. Visite também o Battistero atrás do Duomo e se tiver tempo o Museo della Opera Metropolitana. Dentro dele há um mirante que não é tão alto como a Torre del Mangia mas oferece também uma vista bem bonita da cidade. Na frente do Duomo, a igreja de Santa Maria della Scala é muito interessante, principalmente pelas recentes escavações feitas debaixo da igreja. Há capelas e salas do antigo hospital com afrescos lindos, uma igreja subterrânea, corredores e um pátio descobertos recentemente. Gostamos muito da Pinacoteca Nazionale, que por ser um museu pequeno e vazio permite que apreciemos as obras muito mais de perto e com muito mais calma que nos grandes museus. De resto explore os detalhes das portas e outras surpresas que aparecem na cidade.

A cidade tem muitas lojinhas de cerâmicas, gravuras, souvenirs e também lojas de roupas, sapatos e bolsas para quem está na vibe ‘shopping’. Tomamos um sorvete maravilhoso na Grom e comemos doces típicos muito bem feitos na Nalinni. Em Siena fica a Enoteca Italiana, único wine bar ‘público’ da Itália, dentro da fortaleza dos Médici. Degustamos vinhos e depois jantamos na Enoteca e não achamos nada de especial. Comemos muito melhor na pizzaria Il Pomodorino, frequentada mais por locais do que por turistas.

A 20 km de Siena fica Monteriggioni, uma microcidade medieval que, como diz o guia Frommer’s, “nem Disney faria melhor”. Um cidadezinha de duas ruas, cercada por muralhas e por torres, está tão bem preservada que sua foto é uma das que mais ilustra os cartões postais da Toscana. A cidade foi imortalizada na “Divina Comédia” de Dante Alighieri, que fala de suas 14 torres. Muita gente gosta, mas nós não achamos graça em Monteriggioni, que parece mesmo uma ‘Disney’ para turista ver. E bem mais bonita de longe do que por dentro.

Vale mais a pena visitar, perto de Siena, a Abazzia de Monte Oliveto Maggiore. Esta abadia fica a 36 km de Siena e, se você tiver tempo, passe por lá. O lugar é lindo e por estar ainda em funcionamento tem toda uma atmosfera de calma e tranquilidade. O claustro tem afrescos lindos, a biblioteca é interessante e ainda de lambuja vimos um dos monges preparando o almoço dos monges no refeitório. Na antiga cantina, um senhor muito simpático nos mostrou a antiga adega onde se armazenavam vinhos, azeites e alimentos, explicando ainda como era feita a captação de água para o mosteiro.

Firenze

Firenze tem tanta, mas tanta coisa para ver que nossos dois dias inteiros na cidade não foram suficientes. Assim, diria que o imperdível, para mim, são os seguintes passeios: Piazza della Signoria com Uffizi e Palazzio Vecchio, Ponte Vecchio e Palazzo Pitti, Piazza del Duomo com o Duomo, o Battistero e a Campanille (torre do sino); a Chiesa di San Lorenzo não tanto pela igreja mas pelas Cappelle Medicee e pela Biblioteca Medicea Laurenziana; e a Galleria dell’ Accademia. Outros passeios interessantes: Chiesa di Santa Maria Novella, Chiesa di Santa Croce, San Marco e o Palazzo Medici-Ricardi.

Tanto o Uffizi como a Accademia tem filas imensas. O ideal é comprar os ingressos antecipadamente pela internet, com reserva de horário marcado. Dá para comprar com reserva também nos próprios locais, a qualquer hora. Mas vale a pena para quem curte arte. Fomos ao Uffizi logo de manhã cedo, quando o museu é mais vazio. Na Galleria dell’ Accademia está o Davi original e sim, valeu a pena vê-lo e não ficar só com a réplica, achamos o original muito mais bonito e de quebra vimos as esculturas inacabadas de Michelangelo.

O Palazzo Pitti é lindo e bem completo. Há a Galleria Palatina, os quartos do palácio que rivalizam com Versalhes, o Giardino di Boboli. Como estávamos hospedados no centro histórico, passamos pela Ponte Vecchio a caminho do Palazzo Pitti. Linda! Repare nos cadeados presos nas ferragens da fonte: diz a lenda que dá pra amarrar bem o amor ali :o) Hoje em dia é proibido colocar novos cadeados no local, sob pena de uma multa altíssima.

O Duomo também tem filas imensas, Vá cedo! E não perca o Battistero na frente, mais vazio. As capelas mediceias na San Lorenzo são incríveis. Se conseguir, pois o horário é apertado, visite a Biblioteca. Perto da igreja de Santa Maria Novella fica a Farmacia Santa Maria Novella, que vale uma visita. Além de ser um museu e ter salas antigas preservadas, vende os produtos da marca, que são deliciosos. Perto, tem o Mercado Central para quem gosta deste tipo de programa.

Por último mas não menos importante, se estiver de carro ao entrar na cidade é obrigatório passar pelo mirante da Passeggiata ai Colli. A Piazzale Michelangiolo tem, de longe, a melhor vista da cidade. Imperdível mesmo. Se der tempo, visite a igreja de San Miniato al Monte no mesmo local.

Em Firenze comemos muito bem na Trattoria dei Quattri Leoni. Outros restaurantes indicados: Trattoria Za Za e Paoli. Tomamos um sorvete divino na Cantina del Gelato.

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A Toscana é sem dúvida um dos lugares mais lindos – e românticos – onde estive. A cada curva da estrada uma paisagem diferente, mas com os mesmos elementos compostos por morros, casas de pedra, fortalezas, muralhas, vinhedos, oliveiras, ciprestes, campos floridos e semeados, bosques. Dizem ainda que, no verão, é possível ver as plantações de girassois. Pena que tive que vir embora antes 🙂

Paisagens poéticas, pontilhadas por cidadezinhas que oferecem sempre uma surpresa. Percebi antes de viajar que todos que já estiveram por lá tinham uma cidade preferida ou um lugar “onde você não pode deixar de ir”. De fato, além das joias da coroa toscana que são Firenze, Siena e San Gimignano, tem outras dezenas de cidadezinhas lindas e interessantes para visitar. Na minha opinião e pelo que pesquisei entre os viajantes, uma viagem ideal pela região deveria incluir Pisa, Lucca, Volterra, Arezzo, Cortona, Montepulciano, Pienza e Montalcino, além das três cidades já mencionadas. (E conheço alguém que vai perguntar: e Orvieto e Bagnoreggio?) A Claudia do blog Viajar pelo Mundo! tem uma excelente lista de posts sobre a Toscana e destaca, ainda, as cidades de Colle di Val D’Elsa, Viareggio, Montefollonico, Pitigliano, Sovana e Sorano, além da região de Cinque Terre, já na divisa com a Liguria.

Nós não conseguimos ir a Volterra e a Pienza, e passamos praticamente batido por Montepulciano, quando fomos à vinícola Avignonese. Mas em compensação visitamos umas cidades lindas no Chianti, região onde ficava o nosso hotel: Castellina in Chianti, Panzano in Chianti, Greve in Chianti e San Donato in Poggio.

O ideal na Toscana é mesmo estabelecer um hotel tipo ‘quartel-general’ em alguma cidade ou no campo e visitar os arredores de carro, munido de um bom GPS. O único cuidado é que a tentação de beber vinho é grande e a polícia italiana não anda dando mole pros motoristas nesta região. Nós estávamos em grupo e alugamos um ônibus nos dias em que fomos às vinícolas.

É possível passar um dia e ver quase tudo nestas cidadezinhas. Mas o entardecer e o anoitecer são especiais e vale a pena selecionar algumas onde você possa curtir o fim de tarde, passear pelas ruazinhas menos óbvias, olhar o movimento das pessoas, curtir a atmosfera de uma cidade italiana do interior.

A seguir, um pouco das cidadezinhas da Toscana para vocês.

Pisa e Lucca

É claro que dá para ficar mais tempo e, por exemplo, caminhar ao longo das margens do rio Arno em Pisa. Mas para uma viagem mais corrida é possível, sim, conhecer Lucca e Pisa em um dia só. Vá primeiro a Pisa, estacione o carro no estacionamento vizinho ao Campo dei Miracoli, onde ficam os quatro edifícios que formam, nas palavras do guia Michelin, “um dos mais belos complexos arquitetônicos do mundo”: Duomo, Torre Pendente, Battistero e Campo Santo (cemitério). Vá direto à bilheteria e compre o ingresso para todos os edifícios que quiser visitar. Hoje em dia, é possível subir na torre de Pisa, que está firmemente fincada na terra desde 2001, quando sofreu sua última manutenção. Porém, as filas são grandes, o número de pessoas por vez é limitado e pode-se ficar o tempo que quiser no alto da torre – o que torna a espera imprevisível. Não subimos, uma vez que a paisagem do alto da torre não tinha destaque especial. Pegamos o final da missa no Duomo e nos emocionamos com um coro de ‘canto gregoriano’. No Battistero, fique atento: um senhor responsável pela bilheteria sobe na parte central e canta, para mostrar a acústica perfeita do local!

Lucca, ao contrário da maioria das cidades da Toscana, é plana. Além disso, é circundada por uma muralha tão larga que foi transformada em uma ciclovia e até em parques em determinados pontos. Ou seja, é uma cidade perfeita para pedalar. Entrando na cidade pela Porta Santa Maria, é possível estacionar e logo alugar bicicletas em perfeito estado de conservação na Cicli Bizzarri. Explore a cidade de bicicleta e não deixe de dar uma volta ao redor da muralha, são cerca de 5 km em uma via muito fácil de pedalar. Escolhemos um domingo para visitar a cidade e foi uma escolha certíssima: ruas muito mais vazias, quase sem carros circulando, nos deixaram bem a vontade para pedalar. Não deixe de andar pela Via Fillungo, passando pela Piazza Anfiteatro e seguindo até o Caffè di Simo, para um café com um doce caprichado. Passe pela igreja de San Michele in Foro, mais bonita por fora do que por dentro; pela Casa de Puccini, pelo Duomo e se tiver disposição suba na torre Guinigi. Comemos muito bem em Lucca, no restaurante Buca Sant’Antonio. E compramos cantucci na pastelaria Taddeucci.

Arezzo e Cortona

A maior graça de Arezzo está mesmo no conjunto da cidade. Pequenos e singulares antiquários, lojinhas de gravuras e de objetos de decoração e uma vista linda do alto das muralhas da fortaleza dos Medici, ao lado do Duomo. A Basílica di San Francesco vale uma visita e a Piazza Grande é simpática. Nela, nos primeiros finais de semana de cada mês, há uma feira de antiguidades. Tomamos um sorvete delicioso em Arezzo na sorveteria Cremi.

Quem leu “Sob o sol da Toscana” fica mesmo com irresistível vontade de ir a Cortona, tão bem descrita pela autora do livro, Frances Mayes. Passeie pelas praças centrais, Piazza Repubblica e Piazza Sgnorelli, onde ficam os edifícios principais. Ande até o Duomo e visite o Museo Diocesano bem na frente, algumas pequena e boas surpresas. Olhe a vista do vale e volte para pegar o carro e subir até a Fortezza Medicea Girifalco, onde a vista é incrível!

Montalcino

O ideal é juntar Montalcino e a Abazzia de Sant’Antimo a uma visita à cidade de Pienza, no alto do ranking das cidades charmosas da Toscana. Como fizemos uma viagem também voltada às vinícolas, passamos apenas por Montalcino, na volta da visita à Tenuta Greppo da Biondi Santi. Uma cidade bonita de longe e charmosa de perto, terra dos Brunellos e o paraíso de quem gosta de vinhos. Há dezenas de lojinhas de vinhos na cidade, que oferecem degustações e vendedores super solícitos. A mais bonita de todas, no alto e dentro da fortaleza, é também a mais cara. A praça central é ideal para um café. Achamos a maior variedade e os melhores preços em uma loja de vinhos fora do centro da cidade, a Enoteca Bruno Damazio. Tente sair de lá sem uma comprar uma garrafa sequer!

Castellina in Chianti

Por ser a cidade mais próxima ao nosso hotel, estabelecemos com ela uma relação de verdadeiro amor rsrs… Castellina in Chianti – junto com Gaiole, Rada, Greve e Panzano – formam o coração do Chianti. Todas cidades bonitinhas e legais para passear. Em Castellina, nossa eleita, há uma rua coberta, de pedra, com algumas galerias de arte e restaurantes ao longo. Nas duas praças da cidade (sim, a cidade tem praticamente duas grandes ruas e só), restaurantes gostosos. Lá, curtimos muito a atmosfera de um passeio de final de tarde e de um entardecer mais preguiçosos. Em Castellina fica o Albergaccio di Castellina, restaurante premiado com ‘uma estrela’ pelo Guia Michelin e muito gostoso. Também comemos uma pizza campeã na cidade, na Pizzeria Tre Porte.

Greve in Chianti/Panzano in Chianti e San Donato in Poggio

Passamos também por Greve in Chianti, onde paramos para visitar o mercado/feira livre que acontece aos domingos de manhã. Em Panzano in Chianti, fomos a Antica Macelleria Cecchini e andamos pela cidade. Também fomos a San Donato in Poggio, cidade da mesma região, onde tivemos um jantar inesquecível na Antica Trattoria La Toppa. Mas falarei destes lugares em outros posts. Por hoje, é só 😀

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Normalmente os textos para os posts fluem facilmente. Mas desta vez foi difícil começar a escrever. Talvez pelo excesso de informações novas ou de emoções compartilhadas, demorei para decidir o que falar, como falar. Então resolvi começar pelo começo mesmo 🙂 E, portanto, contando para vocês da nossa confraria de vinho, a Turma do Vinho Nelson Barbieri, assim denominada ‘oficialmente’ no ano passado.

Em 2005, um casal de amigos que se reunia sempre e gostava de tomar vinho resolveu fazer uma ‘degustação oficial’ e convidou mais dois casais para participar. A este encontro seguiram-se outros e a confraria do vinho foi tomando forma. Sempre de maneira informal, sem frescuras, a ideia era nos reunirmos para experimentar vinhos diferentes, bater papo, trocar experiências e dar muita risada. Com o passar dos anos e das garrafas, fomos criando verdadeiros laços de amizade. Nós mudamos para Ribeirão Preto, outros dois casais foram para Florianópolis e Valinhos, os demais continuam em Araraquara, mas não perdemos o contato. Nosso grupo tem pessoas de idades, nacionalidades e personalidades diferentes, mas o conjunto funciona muito bem. Já fizemos algumas viagens pequenas pelo Brasil, mas esta foi a nossa primeira viagem internacional. Planejada com muito cuidado, desde setembro do ano passado, tomou forma agora no final de maio.

Toscana, aí vamos nós! O Jacques, como nosso maior gourmet e enólogo de verdade, fez o roteiro das vinícolas e sugeriu a hospedagem em um hotel no campo, na região do Chianti. Passamos então uma semana visitando vinícolas e rodando por pequenas cidades da Toscana. Na semana seguinte, eu e o Mike encerramos a Toscana com chave de ouro entre Siena e Firenze, com direito a um dia em Pisa e Lucca. É desta viagem que falarei nos próximos posts. As visitas às vinícolas, as cidades, nossa aula de culinária na Tenuta Casanova, os melhores restaurantes e os melhores vinhos que tomamos. Foi uma viagem muito especial, não somente pelas delícias dos lugares por onde passamos mas principalmente pelas companhias. Um grupo de pessoas bem-humoradas, divertidas, que topam tudo – é um privilégio fazer parte desta turma de amigos.

Espero que os leitores do blog gostem da nossa ‘experiência toscana’. Semana que vem tem mais! 🙂

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Faz mais de ano o caderno Paladar do Estadão dedicou um número inteirinho ao pesto, este molho cujos ingredientes são amassados todos juntos em um pilão, formando uma ‘pasta’ rica em sabores e que serve a diversos propósitos culinários. Para a matéria “Pestar sem pestanejar”, o Paladar chamou a chef Ana Soares que, junto com a brigada da Mesa 3, desenvolveu 20 ideias de pestos diferentes do clássico alho/manjericão/queijo pecorino/azeite extravirgem/pinoli. A fórmula deveria incluir um elemento de ‘frescor’ (ervas, abobrinha, tomate, figo), um de ‘textura’ (castanhas), um de ‘gordura’ (azeite ou manteiga) e um ‘espessante’ (queijos cremosos, curados, defumados). E deu-lhe ‘pesto’ de tomate, de figo, de berinjela, de cogumelo, de shissô e até de jambu, que acompanhou, se não me engano, um bolinho de arroz 🙂

Guardei com carinho o jornal até ontem, quando achei o recorte na pasta de receitas. E me deu vontade de testar uma das ideias e fazer um pesto de rúcula. Não gosto de avelãs, que era a ideia inicial da Ana Soares, então resolvi usar pinoli mesmo. De resto segui a ‘receita’ indicada e compus o meu pesto, com as quantidades que melhor harmonizaram ao meu paladar.

Pesto de rúcula

1 maço de rúcula
50 g de pinoli
50 g de queijo feta
3 dentes de alho
2 colheres (sopa) de azeite extravirgem
1 colher (chá) de sal

Lavar, esterilizar e secar bem as folhas de rúcula. Descascar o alho e retirar o ‘miolo’ esverdeado. Triturar tudo em um pilão ou no processador, se você for do estilo mais moderno e prático. Servir sobre uma massa recém-cozida e enfeitar com metades de tomatinhos-cereja.

As quantidades para fazer um pesto suave de rúcula são estas. Mas gosto é gosto, portanto é um molhinho que aceita infindáveis variações. A Flávia Penido não gosta de queijo feta e resolveu usar queijo pecorino. Pensei em uma variação com ricota defumada, ou mesmo queijo parmesão. Na hora de servir, mais variações. No meu prato acrescentei mais queijo feta esmigalhado por cima. Meu marido colocou apenas mais azeite e mais sal. E por aí vai, cada um faz o seu prato como quiser 🙂

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A Nigella tem seu famoso bolo quádruplo de chocolate, que leva este nome por conter chocolate de quatro formas diferentes: cacau em pó na massa, gotas de chocolate na massa, calda de chocolate por cima e raspas de chocolate por cima da calda. Pois sendo uma adoradora de coco em suas mais diversas formas, resolvi criar meu bolo quádruplo de coco. Minha versão é adaptada da receita publicada por uma cooperativa que vende produtos de coco. Na massa do meu bolo quádruplo vai farinha de coco, óleo de coco, leite de coco e coco ralado. E ainda coco ralado para cobrir – será que posso chamá-lo de um bolo quíntuplo de coco? 🙂

Esta abundância de coco tem explicação. Conversava um dia destes com uma amiga sobre os tipos de óleo mais saudáveis para cozinhar e ela me contou do óleo de coco. Disse que o tinha provado e que, além de saudável, era uma delícia. Conversei então com a minha nutricionista predileta, que confirmou que de fato o óleo de coco é muito bacana para o consumo pois é bastante resistente à alta temperatura e suas propriedades ficam mais preservadas no cozimento (junto com o óleo de canola, são os mais indicados. Mesmo o azeite não resiste bem à alta temperatura e é mais saudável se usado cru nos alimentos já cozidos).

Enfim, voltando ao bolo. Fiz uma compra de óleo de coco e aproveitei o frete para pedir também a farinha de coco. Com isto em mãos, veio a ideia. O coco ‘quádruplo’ realmente acentuou os sabores e o bolo ficou uma delícia! A farinha de coco é mais escura e deu um tom moreno ao bolo. Ele não cresce muito, pelo que não ficou fotogênico. Mas é tão, tão gostoso que achei que não podia deixar de publicar a receita. Da próxima vez farei receita dupla para sair melhor na foto. Mas quem tiver oportunidade, experimente o bolo quádruplo de coco e depois conte 🙂 Receita também super legal para celíacos.

Bolo quádruplo de coco

4 ovos
¾ xícara (chá) de açúcar
2 colheres (sopa) de óleo de coco virgem
½ xícara (chá) de leite de coco
1 xícara (chá) de farinha de coco
3 colheres (sopa) de coco ralado
1 colher (sobremesa) de fermento em pó
coco ralado para enfeitar

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Bater as claras em neve e reservar. Bater na batedeira as gemas com o açúcar até ficar branquinho, juntar o óleo de coco e bater até misturar bem. Desligar a batedeira e misturar o leite de coco aos poucos, e em seguida a farinha de coco, o coco ralado e o fermento em pó. Por último, acrescentar as claras em neve, misturando delicadamente. Colocar a massa em uma forma de bolo inglês untada com manteiga e enfarinhada com farinha de trigo. Assar o bolo por cerca de 30 minutos ou até o palito sair limpo. Esperar esfriar um pouco, desenformar e enfeitar com coco ralado.

Atenção… observação importante! Esta receita é excelente para quem não pode consumir glúten. Neste caso é preciso usar um refratário untado com óleo de coco e enfarinhado com farinha de coco mesmo. O problema é que assim gruda um pouco no fundo da forma, ou seja, melhor usar um refratário bonito e NÃO DESENFORMAR o bolo depois de pronto. Eu testei.

Em tempo… um esclarecimento oportuno. Fiquei curiosa sobre as denominações ‘óleo VIRGEM de coco’ e ‘óleo EXTRAVIRGEM de coco’. A Sonia Hirsch diz que não há diferença no método de prensagem e que esta classificação oficialmente não existe, ao contrário do que ocorre para os azeites de oliva. Perguntei ao fabricante e ele me respondeu que ‘o óleo de coco virgem é prensado a frio assim como o extravirgem, porém utiliza a polpa em volta da castanha, portanto tem uma coloração amarronzada em comparação ao extravirgem. Apesar dos dois terem as mesmas características organolépticas, o extravirgem é indicado para ingestão oral e o virgem para frituras, além de refogados e assados, entre outros usos como por exemplo a hidratação capilar. Porém, a grande diferença está mesmo no custo por conta do tipo de polpa utilizada’.

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As lojas de doces são um negócio tão sério em Nova York que precisam de um post só para elas 🙂 Para as crianças, para quem gosta de muito açúcar ou para quem é só curioso, vale a pena dar um pulo na Dylan’s, na M&M e na Economy Candy.

Dylan’s Candy Bar

A Dylan’s fica na 3ª Avenida entre as ruas 59 e 60, bem atrás da Bloomingdale’s. Tem tudo o que se puder imaginar de doces e chocolates – inclusive roupas, acessórios, itens de decoração e produtos de beleza (que tal um gel de banho ‘sabor’ chocolate cupcake?). A loja tem dois andares e está sempre bem cheia. É super colorida e as crianças piram nas gostosuras. Doces tradicionais e doces diferentes, a granel ou já embalados, antigos e novos, para levar e para comer por lá mesmo. Eu não resisti aos fudges e comi mais do que devia não é @lenamaxi e @JulieMunn?

M&M World

Um espetáculo a parte, até para quem não é aficionado. Em plena Times Square, a loja da M&M faz filas na porta. São dois andares enormes cheios de M&Ms e todos os produtos possíveis e imagináveis com a marca e/ou o desenho dos confetes coloridos mais famosos do mundo, incluindo brincos, pijamas, cortinas de box e almofadas, entre outros 🙂 Uma parede imensa tem tubos gigantes cheios de M&Ms, separados por cores. Uma ‘máquina’ analisa seu humor ‘M&M’ do dia. De vez em quando, o próprio sr. M&M dá as caras e apresenta-se dançando acompanhado dos vendedores.

Economy Candy

Em Downtown, no Lower East Side, o grande lance da Economy Candy – além de seus produtos serem um pouquinho mais baratos do que em outros lugares – é a seleção de doces vintage. Dá para voltar à infância com a seleção de Jelly Beans de todos os sabores e cores possíveis, com os Pez Dispensers gigantes e com os doces politicamente incorretos, sensacionais: tubos de remédios/doces para todos os males, cigarros de chocolate em embalagens perfeitas, bandaids de chocolate e outros. Tem também aqueles doces que já saíram de linha há muito tempo por aqui e doces em caixinhas e latinhas lindas com desenhos antigos bacanas, enfim, uma loja pequena, acanhada e a cara do bairro, mas super legal nos detalhes.

Aproveite a ida a Economy Candy para dar uma volta pelo bairro do Lower East Side. Na própria rua Rivington dê uma passada para comer um cupcake na Sugar Sweet Sunshine. Um quarteirão acima, na Stanton, dá para almoçar no The Meatball Shop e depois comer um macaron na Bisous, Ciao. Aqui, mais detalhes destes lugares. E nas ruas laterais, Orchard, Ludlow e Essex você encontra uns brechós incríveis 🙂

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