Neste post  falei sobre alguns restaurantes visitados em Lima no ano passado.

Desta vez estive na cidade por conta do festival Mistura e fomos ao La Picantería, novamente ao Astrid y Gaston, ao Panchita, ao Cala e ao Papacho’s. E é sobre eles que comento agora.

Panchita

Acrescento o Panchita do Gastón Acurio aos programas imperdíveis em uma ida à cidade e um dos restaurantes que mais representam a gastronomia peruana boa, bonita e barata em Lima. Lugares charmosos, comida gostosa, preço justo.

Enquanto no Pescados Capitales se comem bons ceviches e outros pratos à base de peixes, no Panchita é a vez da comida criolla, herança da influência dos escravos na mesa da época colonial. Aqui reinam os anticuchos, sendo o mais emblemático – e delicioso mesmo – o de coração de boi. Para ir com fé! O pastel de choclo de entrada é outra delícia. Vale também experimentar um tacu tacu. Nesta ida agora, havia uma oferta de pratos preparados com mashuas, um tubérculo andino ainda bem desconhecido, inclusive pelos próprios peruanos. Tomamos uma sopa de pescado com mashuas – o chupe cremoso de mashuas e huevos de corral – de deixar saudade.  Vá!

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La Picantería

Um restaurante peculiar e super charmoso, o La Picantería é outro programão em Lima. Vale a pena pela comida e pelo clima do lugar. Chegue cedo pois há poucas mesas e lota rapidamente.

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A ideia do La Picantería é reviver as picanterías tradicionais, restaurantes caseiros onde as pessoas colocavam mesas na sala, no quintal e até na cozinha de suas casas e esperavam os vizinhos tocarem a campainha para perguntar o que havia para comer. Esta ideia de chegar e tocar a campainha é mantida no La Picantería, onde a porta fica fechada e é preciso bater para entrar.

Instalada em um bairro popular e vizinho ao Mercado de Surquillo, o melhor mercado de produtos frescos de Lima, o La Picantería procura se manter fiel  a sua inspiração. Com decoração típica de bandeiras coloridas, flores e motivos religiosos, mesas compartilhadas e menu escrito em lousas na parede, a cozinha do local tem poucos e tradicionais pratos como os ceviches, os chupes, a lengua e os peixes grelhados, ensopados e fritos.  Viemos cedo e tivemos que esperar os peixes do dia chegarem. Todas as peças de pescados (e seus respectivos pesos) são anotadas numa lousa à vista do salão e as mesas escolhem os peixes por peça. E em seguida como querem que sejam preparados. Pedimos dois peixes, um como ceviche e o outro grelhado e estava tudo absolutamente fresco e delicioso.

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A Manu do Cup of Things conta mais coisas interessantes sobre o La Picantería, inclusive sobre a tradição da chicha e outras bebidas da casa, não deixe de ler aqui.

Cala e Papacho’s

Fomos também ao Cala, onde o forte são a vista para o mar e a balada que acontece depois do jantar no bar do andar térreo. No Papacho’s comemos um hambúrguer muito bom, acompanhado de deliciosas camotes fritas.

Astrid y Gastón

Deixei por último o Astrid y Gastón por ser a tarefa mais difícil aqui.

No ano passado estive em Lima e fiz duas degustações, no Central e no Astrid y Gastón. Falo delas aqui. A do AyG foi, inclusive, a minha preferida. A degustação do AyG acontecia no mesmo salão do restaurante onde se pediam os pratos a la carte. Lugar gostoso, aconchegante, animado. Tomamos um drink no bar esperando nossa mesa. A degustação, com cerca de 12 pratos (não me recordo exatamente do número) tinha porções médias e um custo de aproximadamente US$80. Ficamos lá por volta de 2 horas e meia, quase 3 horas. No Central, a mesma coisa.

Só que desta vez no AyG foi bem diferente. Na Casa Moreyra há uma unidade especialmente montada para as degustações. Não havia um bar para esperarmos e ficamos do lado de fora, na varanda, em bancos altos ao redor de uma mesa. A sala da degustação é um ambiente de pé direito alto, bem iluminado, com mesas redondas de madeira. Nosso menu degustação, “Memorias de mi terra”, desta vez durou quase 5 horas. Foram 28 “pratos”, porções em geral bem pequenas, em 24 tempos. O preço ficou em torno de US$125.

Nestas degustações de muitos pratos é comum ter coisas de que não gostamos. Pratos que não chamam nossa atenção. Aqui os pratos eram, em geral, bem gostosos. Massas delicadíssimas, molhos e caldos untuosos, temperos deliciosos e equilibrados. Assim, não vou entrar na questão do gosto, muito pessoal. Nem na apresentação dos pratos, impecável. Nem nas louças, lindas, um espetáculo à  parte. Nem no serviço, atencioso.

O AyG pecou, para mim, no exagero. De pratos, de tempos, de horas, de minúcias. Numa analogia, aquele prato que pesa no sal, ou cujo cozimento passa do ponto. Pessoalmente prefiro rituais mais curtos, pratos maiores e menos numerosos, menos informação.  Também não recomendo fazer a maridaje, ou seja, a degustação de bebidas que acompanha os pratos. Achei muitos dos vinhos oferecidos pouco significativos. Pelo preço cobrado individualmente, dá para escolher poucos e grandes vinhos no menu.

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E para uma próxima ida à Lima ficou faltando – de novo – conhecer o La Mar, o tradicional La Gloria e o Mayta. E acrescentei à minha lista de desejos o Osso Carniceria y Salumeria, o IK e o Fiesta.

Por fim, é importante dizer que não sou crítica de restaurantes e nem tenho formação na área de gastronomia. Sou uma viajante que adora comer e viver experiências gastronômicas. E é nesta condição de provadora de degustações que escrevo. Fiz degustações incríveis no Moto em Chicago e no Per Se em Nova York. Já estive no La Vineria de Gualterio Bolivar em Buenos Aires, sobre o qual falo aqui.  No Boragó em Santiago, sobre o qual comento aqui. Mais recentemente, no DiverXo em Madri, aqui.  Como as crianças gostam da Disneyworld, eu gosto de degustações. Shame on me 😛

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Um espaço ao ar livre, na beira-mar, com chão de areia. Uma profusão de barracas coloridas. Numa primeira vista, o Mistura lembra uma feira do interior. Daquelas que têm barraquinhas de comida e tiro ao alvo. Mas a relevância do evento e da sua proposta logo ficam claros.  O Mistura é muito mais do que uma simples feira de comidas. Organizado pela Apega, a Sociedade Peruana de Gastronomia, nele se concentram cozinheiros, produtores e representantes da gastronomia de várias partes do país.

O festival é a mais perfeita tradução dos objetivos da Apega, que procura fomentar a identidade cultural da cozinha peruana, incentivar os pequenos produtores e a inserção dos produtos locais na cadeia gastronômica e promover a formação de novos profissionais comprometidos com estas causas.

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Por outro lado, quem imagina que o Mistura é puro glamour, também se engana.  O Mistura é, na realidade, um festival gastronômico feito em boa parte com a contribuição do povo. E para o povo. Aí que está a genialidade da coisa. São comidas dos mais variados cantos do país e  a gente encontra autenticidade, variedade, qualidade, novidade e preço acessível. Tudo isto com uma organização e limpeza invejáveis.

Para mim, o Mistura deu até um baile no Taste of Chicago, considerado o maior festival gastronômico do mundo. No Taste of Chicago, por exemplo, as barracas não obedecem uma ordem lógica, o que torna mais difícil achar as comidas. Não há um mercado com produtos locais e nem muitos espaços confortáveis para sentar e comer, como no Mistura.

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Como funciona o Mistura

Para entrar é preciso comprar ingressos, que custam cerca de R$15 e são vendidos na hora na Portaria 1 ou pelo site do Mistura.

É possível ir ao Mistura de ônibus, carro ou táxi. O site do evento explica em detalhes como usar cada meio de transporte.

O Mistura funciona anualmente, durante 10 dias corridos, sempre no mês de setembro. Abre às 11h da manhã e fecha às 22h de segunda a quinta e às 23h de sexta a domingo.

Praticamente todas as barracas do Mistura aceitam apenas fichas, adquiridas dentro do próprio local do evento. A exceção é o Bazar, onde a maioria das barracas aceita só dinheiro. As bilheterias vendem combos diferentes, com fichas nos valores da maioria dos pratos. Os pratos mais caros custam por volta de R$ 13 e os mais baratos por volta de R$ 5.

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O que fazer no Mistura

O mais bacana do Mistura é que ele é organizado por “temas gastronômicos”, que se dividem em grandes barracões/áreas, os chamados “mundos”:  o Mundo Norteño (de comidas do norte do Peru), o Mundo del Sur (das comidas do sul do país), o Mundo Criollo (da cozinha colonial que sofreu influência dos escravos africanos), o Mundo Andino e Amazônico, o Mundo de las Cevicherias, o Mundo de Los Sanguches (sanduíches), o Mundo Oriental (com as comidas que sofreram influência da vinda dos japoneses e depois dos chineses ao Peru), o Mundo de Las Brasas e Los Anticuchos (dos churrascos e espetos), o Mundo del Pan e o Mundo de los Dulces. Fora as áreas dedicadas às bebidas. Ou seja, fica muito fácil ver, entender e provar as variedades de comidas presentes na feira.

Além de provar as comidas nas barracas dos “mundos”, é possível também fazer degustação de cervejas no Mundo Cerveceiro, visitar e comprar produtos secos e frescos no Gran Mercado, uma espécie de feira livre que funciona dentro do Mistura, e comprar comidas e objetos ligados à culinária no Bazar. Também dá para assistir apresentações de danças regionais, concursos, palestras e degustações em horários pré-determinados no Gran Auditorio.

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Dicas úteis

  • Programe-se para ir ao Mistura durante a semana, quando o local fica bem mais vazio do que nos fins de semana. E prepare-se para passar o dia todo lá.
  • Leve alguém com você! O ideal é ir em grupo, pois quanto mais gente para dividir os pratos, mais comidas você pode experimentar e mais legal fica a experiência.
  • O lugar é rústico e há muita poeira e areia. Escolha um sapato confortável e fácil de limpar depois.
  • Assim que entrar, vá direto à bilheteria mais próxima e compre um combo de fichas.
  • Procure saber antes quais as barracas mais famosas em suas especialidades. Vale a pena, por exemplo, provar os anticuchos da Grimanesa Vargas, o ceviche da Sonia, os sushis do Hanzo e os sanduíches do La Lucha ou do El Chinito.
  • Atenção: algumas barracas são tão concorridas que vale a pena começar por elas, já que as filas vão aumentando durante o dia. Para quem não dispensa as carnes, o ideal é começar pelo porco no cilindro, concorridíssimo, e pelas costelinhas de porco da caja china.
  • Há pontos de wifi dentro do Mistura que podem ser utilizados livremente.

Neste post, a Manu do Cup of Things dá dicas preciosas para escolher onde comer no Mistura.

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O Mistura é o máximo. Um parque de diversões para os fãs da gastronomia. Um programão para quem gosta de comer bem. Simplesmente vá.

Aqui, a Manu do Cup of Things conta mais sobre o Mistura.

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Este é um post inicial de um projeto que espero que dê muitos outros frutos, ou posts, no futuro. E surgiu porque bastante gente me pergunta sobre os livros que estou lendo e pede dicas de leitura. E outras tantas me pedem para publicar minhas dicas de livros no blog. Voilá 🙂

Organizar as leituras quando a gente lê muito não é fácil. Achei no Goodreads uma maneira prática e gostosa de organizar minhas leituras e, de quebra, saber o que os amigos estão lendo e do que gostaram ou não gostaram. Assim, se você adora ler e lê mais de 10 livros por ano, dá uma olhada no Goodreads porque é bem legal.

Outra coisa importante para contar para vocês. Nunca gostei de largar um livro no meio. Lembro-me de sofrer com alguns livros enormes que não estavam me dando prazer algum na leitura, mas que eu achava, por alguma razão, que devia terminá-los. O tempo passa e a gente tem cada vez menos tempo na vida. E tomei a decisão de ler apenas aquilo que de fato me dá prazer, me instiga, me interessa. O método é o seguinte: a) escolho muito bem as leituras, peço dicas, leio a respeito e evito compras de impulso na livraria (que já fiz muito!); b) leio até a página 50 (quem lembra desta “comunidade” nos primórdios do Orkut??) e aí me pergunto se quero dar uma chance ao livro. É óbvio que às vezes o livro é tão bom que a página 50 passa desapercebida. Aí não tem erro mesmo 😉

Por fim, leio muito em inglês e alguns livros que vou indicar não tem ainda tradução para o português. Não se zanguem comigo. Para quem lê em inglês, todos estes títulos abaixo são facilmente encontráveis na Amazon, tanto no Kindle como em papel.

Enfim, vamos ao que interessa.

Foram 19 livros no total.

O melhor livro do semestre

UnknownDos livros que li neste primeiro semestre de 2014 o campeão e o único a receber 5 estrelas foi o The Hare With Amber Eyes: A Family’s Century of Art and Loss, ou A lebre com olhos de âmbar, livro de estreia do ceramista inglês Edmund de Waal.   O livro é  de não-ficção e conta a história da família Ephrussi através das indas e vindas de uma coleção de miniaturas japonesas, os netsukes herdados de um tio-avô. A história começa quando um membro da família que vive em Paris compra a coleção no século XIX. Esta coleção passa por Viena durante a Segunda Guerra, vive no Japão por muitos anos e termina na Inglaterra nos tempos atuais. O livro é fascinante, bem escrito, emotivo na medida certa, um encanto. Vale a leitura especialmente para quem curte biografias, história e arte. Recomendo fortemente a leitura do exemplar ilustrado do livro, de capa dura. As fotos da família e dos netsukes e outros objetos tornam a leitura mais palpável, vale a pena. Aqui, uma boa resenha sobre o livro.

Outros livros dos quais gostei muito

Unknown-2The Levels of Life, ou Os níveis da vida, do Julian Barnes. Um livrinho curto e bem singular. A ideia inicial do autor (de quem já li O sentido do fim, outro bom livro) é falar sobre o luto após a morte de sua esposa de muitos anos. Mas para isto ele divide o livro em três partes e nas duas iniciais fala sobre balonismo, história, fotografia para então entrar na terceira parte propriamente dita sobre amor e luto. Mas tudo se encaixa e faz sentido, pois são as metáforas das fases da vida que regem sua narrativa.  Um livro que não é para todo mundo, mas é lindíssimo  e profundo no seu relato de luto.

Villette da Cimagesharlote Bronté. Um livro delicioso para os fás das irmãs Bronté e da Jane Austen. E especialmente para quem leu e gostou de Jane Eyre, achei este, relativamente desconhecido, melhor ainda.

 

MEU_PESCOCO_E_UM_HORROR_1230950603PI Feel Bad About My Neck  ou Meu pescoço é um horror e outros papos de mulher, da escritora e roteirista Nora Ephron. Primeiro, relevem o título! É apenas o título de uma das crônicas que compõem este livro delicioso de ler para a mulherada de mais de 40 anos. A Nora Ephron, para quem não lembra, é aquela gênia que foi roteirista e diretora de algumas das melhores comédias românticas do passado como Sintonia de Amor (Sleepless in Seattle) e Mensagem para você (You’ve got mail) além de um dos filmes da minha vida, Harry and Sally.  São crônicas deliciosas sobre o processo de envelhecer, filhos, carreira, etc. O primeiro texto é sobre bolsas e o segundo sobre o pescoço. Persista!

422713Lilla’s Feast: One Woman’s True Story of Love and War in the Orient da Frances Osborne não tem tradução em português. Mas para quem lê em inglês e gosta de biografias de mulheres que viveram vidas cheias de aventuras este é um prato cheio. Foi escrito pela bisneta da personagem [principal, que viveu mais de 100 anos. Lilla nasceu no norte da China, viveu na Índia e passou um tempo em um campo de concentração japonês durante a Segunda Guerra, onde escreveu um livro de culinária, que inclusive está exposto hoje no Imperial War Museum em Londres. Gostei muito.

9118135State of Wonder ou Estado de graça da Ann Patchett, um livro surpreendente. A personagem principal, que é americana, vai morar um tempo na Amazônia e lá passa por experiências de todo tipo. Um enredo bem original, uma história bem contada. Mesmo que para nós brasileiros algumas coisas sobre a Amazônia e os índios possam parecer inverossímeis, não há nada que comprometa. Curti bastante esta leitura

UnknownThe cellist of Sarajevo ou O violoncelista de Saravejo de Steven Galloway. Um livro lindo que narra um mesmo período de tempo das vidas de personagens bem diferentes durante o cerco de Saravejo. Seus medos, suas dúvidas, suas esperanças e desesperanças e como suas vidas se entrelaçam durante a narrativa.

Um pouco sobre os demais livros que li

Best Food Writing 2009, uma coletânea da Holly Hughes – esta coletânea de crônicas e ensaios sobre comida sai todo ano. No ano passado li uma das coletâneas de “best travel writing” e este ano quis tentar este novo tema. O problema é que alguns textos são excelentes e outros nem tanto. Mas é um bom divertimento para quem gosta de crônicas sobre comida e quer uma leitura leve, que possa ser interrompida constantemente. Não tem tradução para o português.

A solidão dos números primos do Paolo Giordano – um estilo de escrita poética, original e bonita. Foi o que valeu no livro. Mas não consegui entrar na alma dos personagens, que me pareceram muito rasos.  Uma história de amor e desencontros entre dois adolescentes problemáticos, tão singulares que são como números primos que se dividem apenas por um e por eles mesmos.

The Invisible Ones ou Invisíveis de Stef Penney – um mistério sobre um assassinato, envolvendo a comunidade dos ciganos na Inglaterra. Bem leve, sem pretensões. Gostei da história e de aprender mais sobre a vida dos ciganos.

South of the Border, West of the Sun ou A sul da fronteira, a oeste do sol do Haruki Murakami – um romance sobre um homem e suas paixões durante a vida. Narra especialmente seu encontro depois de casado com um amor de juventude.  Apenas para passar o tempo.

The Glass Palace de Amitav Ghosh, sem tradução para o português.  Um livro que foi bem indicado, mas frustrou. Um romance histórico escrito por um indiano, que começa com a invasão inglesa em Burma no início do século XX e narra a história de duas famílias ao redor das mudanças políticas, econômicas e sociais na região. Achei o autor um excelente historiador, o melhor do livro é seu panorama histórico, mas perde muito em relação aos personagens. Novos personagens vão sendo inseridos durante o livro e outros vão sendo deixados para trás. Para quem não se apega a personagens e gosta de História, pode valer a pena.

Hateship, Friendship, Courtship, Loveship, Marriage ou Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento da Alice Munro. Mais uma vez a questão dos contos. Alguns muito bons, outros chatos e sem pé nem cabeça. Não é um estilo que eu goste muito. Para quem gosta de contos e da visão feminina da vida.

The Art Forger do B. A. Shapiro, sem tradução para o português. Mais uma história de mistério envolvendo o mundo da arte e das falsificações de pinturas. Bom divertimento.

Tuesdays with Morrie ou A última grande lição – O sentido da vida do Mitch Albom. Não costumo nem gosto de ler livros de auto-ajuda, categoria na qual classificaria este livro. Li por interesse pessoal em aprender mais sobre a doença ELA (esclerose lateral amiotrófica). Apenas para os aficcionados.

The grandmothers ou As avós da Doris Lessing. Um livro instigante com uma temática difícil que pode ser desconfortável para alguns. Mas eu gostei. O livro narra sobre uma relação de amor e sexo nada convencional. Os personagens e seus dramas são bem construídos, o panorama geral é interessante, vale a pena para quem quer pensar.

The Mussel Feast da Birgit Vanderbeke, sem tradução para o português. Outro livro instigante, da categoria dos desconfortáveis, onde entram A solidão dos números primos, os contos da Alice Munro e As avós.  Um livro curtinho, narrado em primeira pessoa pela filha adolescente de uma família que espera o pai chegar para um jantar de comemoração pela sua promoção. Durante a espera ela vai falando sobre a vida da família, que em princípio parece exemplar mas que aos poucos vai desvendando seus problemas. Bem interessante.

Inferno do Dan Brown – mais do mesmo.

Não gostei  (ou talvez um dia eu dê outra chance ao Paul Theroux!)

Dark Star Safari ou Safári da estrela negra do Paul Theroux – muita gente vai me xingar, mas este livro não me pegou. Queria muito lê-lo por conta da indicação do Daniel Piza. Já escrevi sobre ele aqui. Mas achei o autor mal-humorado, preconceituoso, alguém que parece estar sendo obrigado a viajar. Nem terminei a leitura. Talvez tenha que dar outra chance a ele qualquer dia desses 😉

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Já tinha publicado esta receita de quindim no meu blog antigo. Mas ele volta aqui, a pedidos.

Esta receita de quindim é daquelas que têm história. Na época da faculdade eu ia muito à casa de uma grande amiga, a Carol. E a casa dela tinha um atrativo incrível para quem gosta de comer e cozinhar: a Eva, cozinheira de mão cheia, que estava lá há anos e fazia os pratos mais maravilhosos do mundo.

Em várias conversas ao pé do fogão, vi a Eva fazer este quindim. E comi-o muitas vezes. Anos depois me lembrei das aulas informais da Eva e me aventurei a preparar o quindim em casa. Ficou tão bom quanto o da mestra 🙂  Para mim, a receita perfeita. Simples, deliciosa e que dá certo.

Com vocês, o quindim da Eva, que passou a ser meu também. Em versão #vaiterCopa para ficar ainda mais bonito.

Quindim da Eva

1 coco fresco
1/2 colher (sopa) de amido de milho
400 g de açúcar
2 ovos inteiros
10 gemas
1 colher (sopa) de manteiga com sal derretida
mais manteiga e açúcar para untar a forma

Preaquecer o forno a 230ºC e colocar dentro dele uma assadeira com água. Untar e cobrir com açúcar uma forma de pudim.  Ralar o coco, misturar nele o amido de milho e reservar.  Em uma vasilha colocar o açúcar e misturar com os ovos. Acrescentar a manteiga derretida e misturar. Peneirar as gemas e acrescentar à mistura de ovos. Por fim, juntar o coco ralado. Colocar a massa na forma e cobrir com papel alumínio. Levar ao forno preaquecido em banho-maria por 15 minutos, tirar o papel alumínio e deixar assar por mais uma hora. Cuidado para o coco não queimar, se for necessário cubra novamente com o alumínio até assar e ficar firme.

 

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foto mais amor por favor

Estou na fila do caixa no supermercado. Na minha frente, já no caixa, uma pessoa passando suas compras. Entre eu e ela, um carrinho cheio, aparentemente sem dono. Aguardei a pessoa no caixa terminar e perguntei se o carrinho era dela. Resposta negativa. Olhei em volta e fui afastando o carrinho para passar as minhas compras. Nisso, chegam os donos do carrinho. Um casal de senhores, com um pacotinho de amido de milho na mão, expressões desconcertadas no rosto. Pedi desculpas e recoloquei o carrinho deles na minha frente. Profusas desculpas. Um não achara o amido de milho, o outro foi ajudar, deixou o carrinho alguns minutos, etc. E um grande espanto pela minha compreensão em deixá-los continuar à frente. E assim começou o assunto: como as pessoas hoje em dia estão impacientes, nervosas, bravas. Não há mais educação, falta gentileza.

Mais tarde, estacionando em uma destas lojas gigantes de esportes, presenciei uma cena bizarra. Uma pessoa aguardando vaga para estacionar. Chega outra e, entrando no seu carro que estava parado em uma vaga de deficientes, solta o seguinte: “estou saindo, estacione aqui”. Pelo que ouve de volta: “desculpe, mas não sou deficiente”. Gritos e xingamentos. Do primeiro, o que estava saindo.

Na mesma semana, vi uma senhora tentar embarcar no trem do metrô e ser empurrada e xingada por outro senhor, porque estava “demorando muito”. E novamente surgiu o assunto, entre todos ali, da falta de educação e gentileza, da impaciência e do nervosismo de todo dia.

Para completar, dias depois vivi uma cena constrangedora (não para mim) no trânsito. Estava dirigindo por Pinheiros e diminui a velocidade para procurar um lugar onde nunca tinha ido, do qual só tinha o número da casa. De repente, a pessoa de trás buzina longamente e, ao passar por mim, me manda um ‘dedo do meio’. Cena normalíssima neste nosso atual cenário paulistano – não fosse uma pessoa conhecida. Que, aliás, ficou super sem graça quando me viu.

Enfim, estórias que serviram para me fazer pensar em um assunto que tem incomodado bastante: a questão da educação. Não estou falando só de boas maneiras. Mas também da educação civil, do comportamento em sociedade, do senso de coletividade. E mais ainda, da gentileza, da tolerância com os enganos e erros do dia a dia.

Não há dúvida que em um país onde as coisas não funcionam direito e há um alto grau de impunidade, as pessoas fiquem mais inseguras e tendam a brigar mais pelos seus direitos, a fazer justiça pelas próprias mãos. A sensação é de desamparo, de estar por sua conta e risco. Mas acho que a falta de educação e a intolerância dos paulistanos já está atingindo um nível epidêmico. Já estão entranhadas de tal forma no nosso cotidiano que achamos normal buzinar a torto e a direito, por exemplo, porque alguém demorou um pouquinho para sair com o carro no semáforo.

Morei fora de São Paulo por quase 15 anos. Voltamos no ano passado e confesso que, neste primeiro ano de volta, entrei com tudo no clima bélico da cidade. Não levava desaforo para casa. Tentava – inutilmente claro – educar os motoristas e pedestres pelas ruas de São Paulo. Virei fiscal das vagas de deficientes. E por aí vai. Toda uma gama de neuras de procurar educar as pessoas para viver melhor em sociedade. Cansei.

Acho que o segredo para isto tudo melhorar está também em um comportamento aparentemente contrário. Não digo que virei uma pessoa acomodada, que aceita os desmandos da anti-cidadania. Mas estou mais tolerante. Mais paciente. Mais bem-humorada.

Continuo recebendo diariamente fechadas e buzinadas. Mas agora respiro fundo e presto atenção na música que toca no rádio. Tento ser mais leve.

A pessoa que me deu um ‘dedo do meio’ sumiu. Tudo bem. Faz parte daquele grupo lamentável de pessoas que é muito educada e gentil com os amigos. Ou nas situações normais. Mas vira um touro bufante quando está ao volante de um carro. Quando o garçom traz o prato errado. Quando alguém entra correndo na sua frente no metrô. Quando o manobrista demora para trazer o carro. O quando alguém deixa um carrinho de supermercado desatendido na sua frente 🙂

Estas situações, infelizmente, são corriqueiras e vão acontecer, volta e meia. E em algumas ocasiões você até vai ter razão. Mas não é motivo para perder a calma. Para ser grosseiro. O mundo está precisando de mais educação, mas não só. Também de mais calma, mais tolerância, mais paciência, mais gentileza. Se todos fizerem um esforço para refletir a respeito, já teremos um mundo um pouquinho melhor. Mais amor, por favor.

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O serviço de entrega de comida em casa é um elemento interessante para analisar os hábitos alimentares de um local. São Paulo é a terra da pizza, e também da pizza em domicílio. Tivemos a febre da comida chinesa, uma cópia dos hábitos norte-americanos, coisa que brasileiro tanto gosta de fazer. Agora em São Paulo ~~ terra gourmet ~~ entrega-se de quase tudo em casa. Mesmo aquelas comidas que não viajam bem. Conheço gente que pede batata-frita em domicílio e acha que está fazendo um super negócio. Para mim, não dá.

Pois bem. Quando passei um tempo em Londres, a comida mais pedida pelo telefone para ser entregue em casa eram os curries. Estava em dúvida se ainda era assim. A turma que mora em Londres me ajudou.  A Liliana disse que os curries ainda são os campeões de audiência do take away londrino. A Helô também, mas já vê muita pizza ameaçando o reinado dos curries por lá. Enfim, eu tenho saudades daqueles curries fumegantes, “quentes” nos dois sentidos, que alimentavam corpo e alma no frio londrino.

Hoje está fazendo um calor daqueles e nem é dia para falar neste assunto. Mas faz um tempo que estou com desejo de fazer – e de comer – um bom curry.  Daqueles que a gente pede em casa em Londres ou, melhor ainda, que come nos bons restaurantes indianos na Inglaterra. Se tem coisa que tenho saudade em Londres é dos restaurantes indianos.

Este curry foi uma invenção minha. Queria acrescentar legumes ao peixe e camarão e tornar o prato bem completo para quem, como eu, não anda comendo arroz por conta de uma dieta. Puxei referências daqui e dali  e na hora fiz muitas adaptações na receita planejada. Tem ingredientes indianos e outros não, como o vinho branco.  Podia ter dado muito errado. mas deu muito certo 😉

Façam!

 

Curry de peixe, camarões e legumes

80 g de manteiga
3 alhos porós (só a parte branca)
3 col (sopa) de farinha de trigo
2 col (sopa) de curry em pó
2 col (chá) de sal
1 ½ xíc (chá) de vinho branco
2 xíc (chá) de ervilhas tortas cortadas ao meio
2 xíc (chá) de couve-flor em pequenos buquês
3 xíc (chá) de caldo de legumes ( ou água mesmo)
1 xíc (chá) ou 1 garrafinha de leite de coco
1 kg de peixe (namorado ou robalo de preferência) em postas
500 g de camarões limpos grandes
1 xíc (chá) de creme de leite fresco
1 col (sopa) de coentro fresco picado
mais sal e curry para acertar o sabor no final (coloquei mais ½ col (chá) de sal e mais 1 col (sopa) de curry)

O segredo deste prato é não deixar os legumes, o peixe e o camarão cozinharem demais. Assim, é importante controlar o tempo de cozimento de cada item. Sempre no fogo médio para baixo. Primeiro, refogar o alho poró na manteiga. Quando murchar, acrescentar a farinha, o curry e o sal e mexer bem para incorporar. Acrescentar o vinho e deixar reduzir, mexendo sempre. Colocar a couve-flor e a ervilha-torta, refogar ligeiramente e acrescentar o caldo de legumes. Aumentar o fogo e depois de levantar fervura, baixar novamente e deixar cozinhar por 5 minutos. Acrescentar o leite de coco e as postas de peixe. Sem mexer para não desmanchar o peixe, deixar cozinhar mais 5 minutos. Em seguida, colocar o camarão e deixar cozinhar mais 5 minutos. Desligar o fogo e juntar cuidadosamente o creme de leite fresco e o coentro picado. Provar e polvilhar mais curry e mais sal se necessário. Eu coloquei mais ½ col (chá) de sal e mais 1 col (sopa) de curry!

 

 

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Zapeando pela televisão achei a Nigella preparando este frango. Chamou minha atenção justamente a praticidade da coisa. Ela tempera de uma vez, depois coloca tudo em uma assadeira, assa e pronto. Procurando nos arquivos de receitas, achei a dita cuja aqui, para quem quiser ver a versão original. A minha adaptação está abaixo.  Sugiro fortemente que testem a minha que, modéstia à parte, ficou muito mais gostosa 😛

Ótimo mesmo para um final de semana preguiçoso, pois além de fácil sobra pouca louça para lavar. Já fiz três vezes e apesar de simples, fica muito bom, todo mundo gosta.

esta foi a primeira versão, ainda sem as batatas doces e assada no forno à lenha

Frango com linguiças e batatas da Nigella

12 coxas de frango
5 linguiças
2 cebolas
3 dentes de alho
2 col (sopa) de mostarda
1 col (chá) sal
1 col (chá) de sálvia seca
1 limão
folhas de sálvia fresca
5 batatas
1 batata doce grande
1 lata de cerveja
2 col (sopa) de azeite e pitada de sal para finalizar

Fazer na véspera a marinada de temperos para o frango: colocar em uma vasilha funda as coxas de frango, as duas cebolas cortadas em oito, o alho espremido, a mostarda, o sal e a sálvia seca. Cortar o limão em quatro, espremer o suco e colocar os pedaços também na marinada. Misturar bem e deixar por 12 a 24 horas na geladeira. No dia seguinte, pré-aquecer o forno a 230ºC. Colocar o frango com os temperos em uma assadeira (eu tiro os pedaços de limão antes), juntar as linguiças cortadas ao meio, as batatas cruas e com casca mesmo e cortadas em quatro, a batata doce descascada e cortada em rodelas e as folhas de sálvia fresca, a gosto. Regar com uma lata de cerveja, um fio de azeite e polvilhar com sal. Cobrir com papel alumínio e levar ao forno por cerca de uma hora. Tirar o papel alumínio e deixar por pelo menos mais meia hora ou até dourar.

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A época é de alcachofras. Estão lindas, gordas e suculentas. Já achei alcachofras com bom preço duas vezes este ano nos supermercados Mambo. Mas é preciso correr porque acabam muito rápido. A receita é a mesma, do Mixirica, desde que a encontrei aqui. Já fiz estas alcachofras crocantes algumas vezes e ainda não senti vontade de testar uma receita nova. Esta é realmente ótima.

Quando publiquei a foto das alcachofras crocantes no Instagram e no Facebook, algumas pessoas pediram a receita e, mais do que isto, um tutorial de como prepará-las. Quanta gente com medo das pobres alcachofras 😛 É fácil, gente. Aí vai a receita do Mixirica com a minha explicação bem detalhadinha. Façam!

para as alcachofras

4 alcachofras
suco de 2 limões
3 tomates
1 cebola
2 dentes de alho
sal a gosto

Lave as alcachofras. Em cima de uma tábua, corte os talos no fundo para igualá-lo e as pontas das folhas com uma faca bem afiada. Tire uma “tampa” de cima de cada uma. É duro mesmo! Mas é importante porque assim os temperos e os molhinhos podem entrar mais facilmente dentro da flor.  Deixe as alcachofras já cortadas e de ponta-cabeça de molho em água, com o suco de limão, por cerca de 30 minutos. O suco de limão serve para não deixá-las escurecer. Enquanto isto, retire a pele e as sementes dos tomates. Corte os tomates e as cebolas em cubos e esprema o alho. Escorra as alcachofras e coloque-as lado a lado em uma panela, agora viradas para cima. Distribua os tomates, a cebola e o alho por entre as folhas e tempere com sal e pimenta. Coloque 2 dedos de água na panela e cozinhe em fogo médio por cerca de 30 minutos, ou até as pétalas da alcachofra soltarem quando puxadas. Enquanto a alcachofra cozinha, ligue o forno no 230ºC e faça a farofa.

para a farofa crocante

2 dentes de alho espremidos
2 colheres (sopa) de azeite
1 pão francês amanhecido congelado (ou 2/3 xícara de farinha de rosca)
sal a gosto
4 colheres (chá) de queijo parmesão ralado para gratinar

Sempre tenho pão francês congelado no meu freezer. É ótimo para fazer esta farofinha, que vai com tudo, até com uma massa simples. Muito melhor que Panko, na minha opinião. Rale o pão enquanto congelado, é mais fácil. Aqueça o azeite, doure nele o alho e acrescente as migalhas de pão. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sempre, até as migalhas ficarem douradas e crocantes. Tempere com sal.

Quando as alcachofras estiverem cozidas, ecorras-as coloque-as em um refratário. Cubra cada uma com as migalhas crocantes e com o parmesão ralado. Leve ao forno ou grill para tostar o queijo e sirva em seguida.

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No mesmo dia em que a Deb do  Smitten Kitchen publicou este post com uma purple plum torte com cara deliciosa, vi as ameixas Irati (as chamadas Italian prune plums) na minha quitanda, lindas, doces e suculentas. Serendipity.

Trata-se na verdade de um bolo, cuja receita é antiga e vem caminhando pela internet desde 1983, quando foi publicada pela primeira vez no New York Times pela Marian Burros. Uma receita que ela recebeu da outra co-autora do livro Elegant But Easy, Lois Levine. Esta receita foi publicada anualmente naquele jornal durante 12 anos, sempre na época em que as ameixas começavam a aparecer.  Outra curiosidade sobre esta receita é que um concurso promovido pelo jornal, que pedia sugestões de receitas para incluir em um livro, recebeu 247 receitas deste bolo. O que levou-os a suspeitar que é provavelmente a receita mais perfeita que um bolo de ameixas pode almejar 😉

Façam! É fácil, gostoso e prático. Dá para congelar e depois descongelar e  servir com sorvete de baunilha em um dia em que você tem convidados de última hora.  É sucesso.

Bolo de ameixas do New York Times
(ligeiramente adaptado)

1 xícara (chá) de farinha de trigo
1 col (chá) de fermento químico
pitada de sal
1 xícara (chá) de açúcar
100 g de manteiga sem sal à temperatura ambiente
2 ovos
10 ameixas Irati lavadas, descaroçadas e cortadas ao meio
2 colheres (sopa) de açúcar para polvilhar o bolo
1 colher (chá) de canela para polvilhar o bolo

Usei uma forma de torta desmontável, para poder desenformar e manter quase intacta a ‘casquinha’ de cima do bolo. Não é necessário usá-la, porém. A forma não pode ser muito grande, pois é pouca massa. Usei uma redonda de tamanho pequeno,  com cerca de 20-25 cm de diâmetro. No meu bolo, ao contrário do bolo da Deb, as ameixas foram parar quase no fundo da massa. Achei que ficou até mais bonito assim.

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar e enfarinhar a forma. Peneirar junto e misturar a farinha de trigo, o fermento em pó e o sal. Reservar. Bater na batedeira a manteiga e o açúcar até ficar esbranquiçado e fofo. Juntar os ovos, uma a um e bater até misturar. Desligar a batedeira e juntar os ingredientes secos, misturando bem. Colocar a massa na forma. Lavar e cortar as ameixas. Colocar as metades das ameixas sobre a massa, com a polpa virada para baixo, uma a uma lado a lado até cobrir toda a massa. Apertar um pouco as metades de ameixas sobre a massa. Misturar o açúcar e canela e polvilhar por cima das ameixas. Levar ao forno por cerca de 40 a 50 minutos.

 

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Esta receita foi passada pela Carla, amiga de Ribeirão Preto. O nome original dela era ‘torta diferente de maçãs’. Lendo a receita, achei-a com mais cara de bolo do que de torta. Mesmo sendo assada em uma forma de aro desmontável. Assim, rebatizei-a de bolo delícia de maçãs. Mas o nome não importa muito aqui.  O que importa mesmo é que a massa é bem temperada com canela, limão, baunilha e sherry e envolve muitos cubos de maçãs, deixando o bolo bem leve, molhadinho e saboroso.

Lembrou muito um bolo de maçã que comemos nesta viagem bacana que fizemos com as crianças por Gramado e Canela, há alguns anos.

Deu vontade de testar a receita esta semana. Aprovadíssima.

Bolo delícia de maçãs
(com pequenas adaptações)

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar e enfarinhar uma forma de aro desmontável grande (se quiser desenformar o bolo depois, eu gosto de fazer isto sempre). Preparar as três misturas abaixo separadamente. Juntar primeiramente as maçãs aos ingredientes líquidos e em seguida juntar os ingredientes secos. Colocar a massa na forma e cobrir com 1 xíc (chá) de nozes picadas misturadas a 1 xíc (chá) de açúcar e 1 colher (chá) de canela. Assar por aproximadamente 1 hora.

ingredientes secos
2 xíc (chá) de farinha de trigo
2 col (chá) de canela
1 col (chá) de fermento em pó
1 xíc (chá) de açúcar
pitada de sal

Peneirar todos os ingredientes em uma vasilha. Misturar.

maçãs
4 maçãs grandes
suco de um limão
1 col (sopa) de sherry (ou conhaque)
1 xíc (chá) de açúcar

Descascar e cortar as maçãs em cubos médios. Envolver os cubos com o suco de limão, o sherry e o açúcar.

ingredientes líquidos
2 ovos
1/2 xíc (chá) de óleo
1 col (chá) de baunilha

Bater ligeiramente os ovos com o óleo e a baunilha.

 

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Batatas rústicas do Twelve Bistro.

Tem muito lugar gostoso para comer na cidade, mas com a loucura que é São Paulo a gente acaba frequentando mais os lugares perto de casa, mesmo. Temos os nossos preferidos onde o lugar é bacana, a comida é muito boa e o preço vale quanto pesa. E é pelo preço que outros restaurantes que adoramos acabam perdendo algumas posições no nosso ranking BBB: o Arturito, o Aguzzo e a Tasca do Zé e da Maria, por exemplo.  Gostamos muito destes também.

Mas vamos aos cinco eleitos do momento.

Astor

O clássico que não tem erro. Drinks  bem feitos, comida gostosa, aconchegante e variada; preço razoável.  O Astor  na verdade é um bar com boa comida e não um restaurante, mas vale aguentar o barulho e a lotação pelo que oferece. Prove o excelente mojito, meu drink preferido lá. Mas há outros caprichados, inclusive alguns que a gente não acha em todos os lugares, como o Tom Collins. Difícil achar um prato que não seja bom aqui: tem  o steak tartar que é campeão, a salada Lyonnaise com ovo poché, croutons de bacon e chips de alho poró; os moules et frites. Somos frequentadores habituais, mesmo.

Chou

O Chou é provavelmente o meu restaurante preferido em São Paulo. Adoro o clima do lugar e curto demais ficar só nas mezzes, divinas, diferentes, deliciosas. Entre elas as cebolas assadas, a pasta de berinjelas queimadas, a abóbora cabochá assada, os cogumelos portobello, a lista é infinita. Mas da grelha sai também um ótimo polvo e umas batatas doces assadas na brasa que são de morrer. A lista de vinhos é legal, ou seja, vá 🙂 mas não esqueça de reservar antes.

Suri

O Suri Ceviche Bar é um lugar pequeno que está sempre lotado, o que exige reserva prévia. Especializado em comida peruana, especialmente nos ceviches, é tudo caprichado, bem temperado, fresco e gostoso. Atendimento um pouco lento mas sempre simpático, nada que comprometa. Adoro o ceviche da casa e a parrilada de altamar. Mas tem mais de dez variedades de bons ceviches, com temperos diferentes, uma delícia descobrir as novas combinações e sabores. Peça um pisco sour para acompanhar.

Twelve

O Twelve Bistro é o irmão mais novo desta turma, descoberto recentemente, virou o almoço ou jantar de toda semana. Também é pequeno e lota no jantar, no almoço é mais tranquilo. Sente na varanda e comece com os pastéis de cordeiro, as coxinhas de rabada ou as batatas fritas rústicas. Depois, prove o bolovo, o fish ‘n’ chips, o steak tartar ou o campeão de audiência aqui em casa: o hambúrguer de fraldinha com cogumelos, gorgonzola, pimenta verde e aioli. Uma super completa carta de cervejas. E tem sorvete de Guiness de sobremesa 😛

Nou

Na parte baixa de Pinheiros, o Nou é também uma gratíssima surpresa. Outro lugar pequeno e aconchegante que vive cheio.  A comida é consistentemente boa. Não me canso nunca do risoto negro com frutos do mar, sempre no ponto certo e delicioso, e do filé à milanesa também campeão. Os preços são mais salgados do que nos anteriores mas durante a semana há o menu fixo de almoço executivo por R$ 34,00 e de jantar por R$ 62,00. Vale a pena.

Outros lugares de que gostamos de ir no eixo Vila Madalena/Pinheiros: Do Culinária Japonesa, Le Jazz, Saj e o Vila das Meninas.  Os que estão na lista e devemos testar em breve: Minato IzakayaTanger e  La Madrileña Casa de Vinos.

E vocês leitores? Quais os seus lugares prediletos para comer na Vila Madalena/Pinheiros?

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As causas são outro exemplo de prato muito típico do Peru. Causas nada mais são do que uma variação dos nossos ‘escondidinhos’ ou ‘madalenas’, ou seja, um prato completo onde recheios de carne, frango, peixe ou frutos do mar se revezam com legumes entre camadas de purê de batatas. O bacana da causa peruana é sua versatilidade: além da possibilidade de  usar diferentes carnes e legumes para compor seu recheio, a causa pode ser servida em um refratário em camadas para o dia a dia ou cheia de glamour enformada por um aro de metal mostrando suas camadas coloridas em ocasiões especiais. É um prato de origem criolla e comum em Lima, em Trujillo e em outros pontos na costa do Peru. Antigamente, era vendido pelas ruas pelas causeras. Assim como o ceviche, é um prato de verão e servido frio.

O maior segredo para preparar a causa é fazer um purê de batata consistente. A batata peruana mais utilizada na preparação da causa é a papa amarilla, cuja polpa é mais seca e mais arenosa do que das batatas comumente encontradas no Brasil. Assim, para fazer um purê que fique firme usando as batatas brasileiras,  o truque é não cozinhar as batatas na água mas sim assá-las no forno. Deste modo a polpa fica mais seca e mais fácil de ser trabalhada para fazer a causa. Outro segredo de uma boa causa é usar a pasta de aji amarillo, uma conserva facilmente encontrada no Peru mas que é possível ser comprada no Brasil em lojas de produtos peruanos. Se você não achar, use no lugar da pasta alho espremido misturado com azeite e Tabasco. Quebra um galho 😛

Causa limeña à minha moda

purê de batatas
1 kg de batatas
suco de 2 limões
3 colheres (sopa) de pasta de aji amarillo (se não tiver, junte dois dentes de alho espremidos, 1 colher (sopa) de azeite e algumas gotas de Tabasco)
sal e pimenta-do-reino a gosto

Pincelar as batatas inteiras com azeite e levá-las ao forno em uma assadeira coberta com papel alumínio. Deixe assar por uma a duas horas até que fiquem macias. Retirar do forno e quando estiverem mornas o suficiente para manipular, descascá-las e passá-las pelo espremedor de batatas. Adicionar ao purê o suco do limão, a pasta de aji amarillo, o sal e a pimenta-do-reino.  Misturar bem até formar um purê liso e firme. O ponto certo é quando o purê solta das mãos.

recheio de abacate
1 abacate grande ou 2 avocados
suco de 1 limão
sal a gosto

Fatiar fino o abacate e temperar as fatias com suco de limão e sal.

recheio de carne de  siri
1/2 kg de carne de siri desfiada descongelada (espremer bem para tirar a água)
1 cebola média picada
2 dentes de alho espremidos
2 colheres (sopa) de azeite
1/2 vidrinho de leite de coco
2 tomates sem pele e sem semente bem picados
1 colher (sopa) de coentro (ou salsinha) bem picado
sal e pimenta-do-reino a gosto

Refogar a cebola e em seguida o alho no azeite. Acrescentar a carne de siri desfiada e o tomate e refogar por mais alguns minutos. Acrescentar  o leite de coco, acertar o sal e a pimenta-do-reino e deixar secar um pouco. Desligar o fogo e juntar o coentro.  No Peru eles usam maionese e não leite de coco, portanto caso queira uma receita mais típica peruana não colocar o leite de coco e juntar um pouco de maionese para dar liga à carne de siri refogada no final!

 Dá para variar os recheios, usando um refogado de frango desfiado ou de camarões, por exemplo. Comi no Peru também uma causa recheada com milho, temperado com maionese e coentro. Mas acho a combinação do abacate com o siri bem típica e para mim a melhor.

Como montar a causa: colocar o aro de metal sobre o prato de servir e fazer as camadas, primeiro de purê de batata, em seguida de abacate, depois de purê novamente, em seguida de carne de siri e por último de purê novamente.

Caso não queira usar o aro, há outros dois jeitos de servir a causa. O primeiro é fazer as camadas em um refratário grande mesmo. A outra maneira é espalhar o purê sobre um filme plástico esticado na bancada e por cima colocar os dois recheios, enrolando como rocambole. Levar à geladeira por meia hora e fatiar em rodelas na hora de servir.

 

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